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  • Foto do escritorGustavo Candiota

Os riscos de fazer seu câmbio com doleiros

Atualizado: 3 de abr.


Se você não faz parte do grupo de pessoas que realizam e/ou incentivam esta prática, parabéns. À você que "apenas quer um câmbio mais barato" ou "não deseja que a compra passe pelo seu CPF" ou "quer câmbio sem nota" ou por fim "não quer dar dinheiro aos grandes bancos e mais impostos aos políticos" leia este texto.

Diferentemente do que muitos pensam, os "doleiros" não possuem uma profissão legalizada. Tais agentes atuam no câmbio paralelo praticando crime contra o sistema financeiro ao não declarar as operações de seus clientes recebendo, entregando e trocando moeda sem qualquer emissão de nota fiscal ou registro no Banco Central. Assim, sonegam impostos, realizam evasão de divisas e facilitam a lavagem de dinheiro para quem pratica atividades ilícitas, como políticos corruptos por exemplo. Muitas vezes até para o tráfico internacional, sem saber que estão facilitando uma transação para criminosos.

Ao encontrar um doleiro na sua região, mesmo que recomendado por amigos e de confiança virando cliente do mesmo, seus riscos são grandes. Você está sendo conivente com a ilegalidade da transação e, juntamente com eles, está praticando os crimes mencionados. Significa que se no futuro estes elementos forem pegos por uma fiscalização da Receita Federal ou da Polícia, há chance de a investigação respingar também para o seu lado, respondendo processo. Dependendo do caso e dos volumes transacionados, prisão é possível.

Mas onde estão escondidos os doleiros? Onde vivem? O que comem? Só saberemos no Globo Repórter? Não! Aqui no Blog do Câmbio! Eles não se escondem! Para o leitor entender melhor: muitos doleiros também atuam legalmente no mercado de câmbio oficial e do turismo, mas possuem um "Caixa 2" para quem deseja "operação sem nota". Na verdade eles próprios preferem, pois é por onde realizam seus maiores lucros. Não apenas através da compra e venda de moeda em espécie, mas também - e principalmente - quando um cliente deseja operações de transferência internacional sem registro, que no mercado é conhecido informalmente por "Dólar-cabo".

O "Dólar-cabo" nada mais é do que uma troca de favores entre pessoas que estão no país de origem de recurso com as que estão no país do beneficiário do recurso. Exemplo: Um cliente deseja enviar 10 mil reais para a China. Por não desejar pagar impostos nem "passar por seu CPF" esta pessoa aciona seu "doleiro de confiança" que imediatamente verifica se na China possui alguém com pendências financeiras com ele, de operações passadas ou atividades em comum, também informais. Caso positivo, pede para esta pessoa depositar o valor correspondente na conta do beneficiário desejada pelo cliente (um chinês depositando na conta de outro chinês, geralmente em espécie). Neste ponto o estimado leitor deve estar se perguntando: "Mas como o doleiro RECEBE do cliente os 10 mil reais se nada pode ficar rastreável?" E onde LUCRA com a operação? Simples, ele pedirá, em troca, para o requerente realizar, por exemplo, o pagamento de alguma de suas contas no Brasil. Solicitará algo tipo "Pague os 4 próximos boletos da faculdade de minha filha". SÓ QUE calcula o câmbio de uma maneira extremamente desfavorável para que ganhe uma enorme vantagem na conversão dos favores. Ou seja: talvez consiga quitar o semestre da faculdade da filha por muito menos do que o valor real, já que no exterior liquidou o que tinha a receber e evitou muitas taxas e alíquotas envolvidas.

E assim, todos ganham, mas na verdade todos perdem. Reclamamos da corrupção no país mas realizamos e incentivamos práticas parecidas. Incentivamos o crescimento profissional de pessoas que não respeitam as leis e que são justamente os facilitadores para crimes maiores que muito se tem visto na televisão, quais sejam: políticos criminosos que escondem suas fortunas fora do país, advindas de atividades igualmente ilegais e assim fazendo toda uma cadeia ilegal girar.

Quando você compra seus dólares com doleiros não está apenas "dando um jeitinho" de economizar e não declarar sua operação, mas está também incentivando a continuação da atividade de quem mais facilita a corrupção no Brasil. É como reclamar dos grandes traficantes de drogas e desejá-los atrás das grades mas sem perceber que se você participa de uma roda de amigos que fuma maconha está na verdade mantendo-os em atividade e tornando-os cada dia mais ricos. Sem falar nos riscos de receber cédulas falsas. Se você paga uma mercadoria nos EUA com cédula falsa, recebe voz de prisão na hora!

Ajude a mudar este quadro. Realize apenas câmbio oficial. Não se arrisque. Muitas vezes você pagará ainda mais caro, sem saber, e sempre haverá aquela "pulga atrás da orelha" sobre se um dia chegará pelos correios uma intimação da Receita Federal, da CVM ou de outros agentes fiscalizadores. Existem muitas Corretoras e Casas de Câmbio honestas que, com a dificuldade para concorrer com o mercado informal acabam precisando demitir pessoas e fechar as portas, o que prejudica o PIB, o consumo, enfim, o crescimento do Brasil de maneira sustentável.

"Ah, mas com a abusiva carga de impostos, só consigo trabalhar com doleiros senão minha empresa não cresce". Nossa sugestão: então procure outra atividade ou aguarde a reforma tributária, mas não entre para este "time".

"Mas acho absurdo pagar impostos se meu dinheiro não é bem aplicado pelos governantes." Quem nasceu primeiro? O ovo ou a galinha?

Se você quer fazer do mundo um lugar melhor,

olhe para você mesmo e comece a mudança. Michael Jackson.

Obrigado a todos os nossos leitores e clientes que sempre realizam câmbio oficial. O país agradece.


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